
A perda de um ente querido é um momento delicado na vida de qualquer família. Porém, além do luto, os herdeiros precisam lidar com as questões legais relacionadas à partilha dos bens do falecido. Uma dessas questões é o inventário, que é o processo legal para dividir os bens e direitos do falecido entre os herdeiros.
Embora tradicionalmente o inventário seja feito de forma judicial, existe uma alternativa mais rápida e menos burocrática: o inventário extrajudicial. Neste artigo, vamos explicar o que é o inventário extrajudicial, como ele funciona, quais são as vantagens e os requisitos para realizá-lo.
O Que é o Inventário Extrajudicial?
O inventário extrajudicial é uma modalidade de inventário que pode ser realizado diretamente em cartório, sem a necessidade de envolver o poder judiciário, desde que todos os herdeiros sejam maiores, capazes e estejam de acordo com a partilha dos bens. Essa opção foi criada para simplificar o processo de inventário e tornar a divisão dos bens mais rápida e eficiente.
Ao contrário do inventário judicial, que é realizado através de um processo no tribunal, o inventário extrajudicial permite que a partilha seja feita de maneira mais ágil e com menos custos, desde que não haja litígios entre os herdeiros e que o falecido tenha deixado toda a documentação necessária regularizada.
Quando é Possível Fazer um Inventário Extrajudicial?
O inventário extrajudicial pode ser realizado nas seguintes situações:
- Herdeiros Maiores e Capazes: Todos os herdeiros devem ser maiores de 18 anos e plenamente capazes de exercer seus direitos. Caso algum herdeiro seja menor de idade ou esteja interditado, o inventário terá que ser feito judicialmente.
- Consenso entre os Herdeiros: Todos os herdeiros devem estar de acordo com a partilha dos bens. Se houver qualquer divergência entre eles sobre como os bens devem ser divididos, o processo deve ser feito judicialmente.
- Não Haver Testamento: Caso o falecido tenha deixado um testamento, o inventário deverá ser judicial, já que é necessário o cumprimento das disposições testamentárias e a validação do testamento pelo juiz.
- Documentação Regularizada: Todos os bens devem estar devidamente documentados e regularizados. Caso haja bens com pendências jurídicas, como imóveis sem escritura ou débitos não pagos, será necessário regularizar essas questões antes de fazer o inventário.
- Ausência de Dívidas ou Litígios: Caso o falecido tenha deixado dívidas, elas devem ser quitadas antes da partilha dos bens. Se houver litígios entre os herdeiros ou outras partes interessadas, o inventário será judicial.
Como Funciona o Inventário Extrajudicial?
O processo de inventário extrajudicial é mais simples e rápido do que o judicial. Confira as etapas básicas:
- Contratação de um Advogado: Mesmo sendo extrajudicial, o inventário exige a presença de um advogado. Todos os herdeiros precisam ser representados por um único advogado, o que reduz o custo do processo. Caso haja divergências entre os herdeiros e a necessidade de mais de um advogado, o processo terá que ser judicial.
- Reunião de Documentos: Antes de iniciar o inventário, os herdeiros devem reunir toda a documentação necessária, como:
- Certidão de óbito do falecido.
- Documentos de identificação dos herdeiros.
- Certidão de casamento do falecido (se houver).
- Comprovantes de bens (imóveis, veículos, contas bancárias, etc.).
- Eventuais documentos que comprovem dívidas deixadas pelo falecido.
- Elaboração da Partilha: Com o auxílio do advogado, os herdeiros devem acordar sobre como os bens serão divididos. A partilha deve ser formalizada por meio de um escritura pública de inventário. Esse documento oficializa a divisão dos bens e, após ser registrado em cartório, garante a transferência da propriedade dos bens para os herdeiros.
- Pagamento de Impostos: O Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD) deve ser pago antes da formalização da partilha. O valor desse imposto varia conforme o estado e o valor dos bens a serem partilhados. O advogado pode ajudar a calcular o valor do imposto devido e orientar os herdeiros quanto ao pagamento.
- Registro da Partilha: Após o pagamento do imposto e a formalização da partilha, a escritura de inventário é registrada no cartório. Isso garante que os bens sejam efetivamente transferidos para os herdeiros.
Vantagens do Inventário Extrajudicial
O inventário extrajudicial tem várias vantagens em relação ao inventário judicial:
- Agilidade: O processo extrajudicial é mais rápido, geralmente levando de uma a duas semanas para ser concluído, desde que todos os documentos estejam em ordem e os herdeiros concordem com a partilha.
- Menos Custos: Por não envolver o poder judiciário, o inventário extrajudicial tende a ser mais barato, já que não há custos com taxas judiciais e pode haver menos honorários advocatícios.
- Simplicidade: O processo é mais simples, sem a necessidade de tramitar por várias fases no tribunal. A maior parte da burocracia é resolvida diretamente no cartório.
- Evita Conflitos: Quando realizado de forma amigável, o inventário extrajudicial evita a judicialização do processo, o que pode reduzir o potencial para conflitos entre os herdeiros.
- Flexibilidade: Ao ser realizado diretamente no cartório, o inventário extrajudicial é mais flexível, permitindo que os herdeiros agendem os horários de acordo com sua conveniência.
Quando Não é Possível Fazer o Inventário Extrajudicial?
Apesar das vantagens, o inventário extrajudicial não é sempre possível. Algumas situações em que o inventário judicial será necessário incluem:
- Herdeiros menores ou incapazes.
- Existência de testamento.
- Litígios ou disputas entre herdeiros.
- Imóveis ou bens com pendências jurídicas.
- Dívidas não quitadas.
Conclusão
O inventário extrajudicial é uma alternativa rápida, econômica e menos burocrática para a partilha de bens de uma pessoa falecida, desde que todos os herdeiros estejam de acordo com a partilha e a documentação do falecido esteja regularizada. Essa modalidade simplifica o processo e evita a necessidade de tramitação judicial, sendo uma opção vantajosa para muitas famílias.
Se você está lidando com o falecimento de um ente querido e precisa realizar o inventário, é fundamental contar com o auxílio de um advogado especializado para garantir que todo o processo seja feito de forma correta e eficiente. O advogado pode orientar sobre a melhor forma de proceder e garantir que todos os requisitos legais sejam atendidos.
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